Consciência coletiva: entender nossa história é compreender o que somos e o que seremos

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Nossa cidade fez parte de um contexto econômico e social algumas dezenas de décadas atrás que nos insere na história do negro em nosso país.

Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, mais do que censurar insinuações ou ações racistas ou preconceituosas, o Poder Público em Lorena alerta, explica e estende a missão de banir esse tipo de crime para toda a sociedade.

A verdadeira conscientização é basicamente entender que somos todos iguais, independentemente da cor de nossa pele, e, como indivíduos, devemos ser respeitados por nossa origem, manifestações sociais, religiosidade, posição política, conduta de vida e outros aspectos de convívio social. É também procurar entender que não pode ser admissível a subjugação de um povo por outro, ainda mais em uma nação cuja formação miscigena suas três raças formadoras: o branco europeu, o índio nativo e o negro escravizado.

Depois da exploração e dizimação de muitas nações indígenas, a maior ferida, ainda latente, desse período, é o preconceito contra o negro que ainda, vergonhosa e veladamente, insiste em se estabelecer nas relações da nossa sociedade, por mais que, perante a lei, seja considerado crime.

Curioso ter um sentimento ou atitude racista contra o negro, uma vez que suas heranças genéticas, idiomáticas, sociais e culturais estejam naturalmente inseridas no nosso modo de ser e agir.

Sabe-se que o negro escravizado lutou para recuperar sua condição primeira de indivíduo livre. Também houve aqueles que se prestaram à entregar seus próprios irmãos de raça em troca de um ou outro benefício, mas essa é uma condição da fraqueza humana, independentemente da raça.

No sentido oposto, houve aqueles que nunca desistiram da ideia da reconquista da liberdade de seu povo, por mais que estivessem num país distante, com um idioma diferente e uma situação não muito favorável à realização do propósito.

Dentre muitos não se pode deixar de falar de Zumbi dos Palmares, um conhecido líder quilombola, nascido em Alagoas em 1655, criado por um padre, batizado na Igreja Católica, onde ajudava nas missas, além de estudar Português e Latim.

Zumbi foge para o Quilombo dos Palmares com 15 anos , onde obtém reconhecimento pelas suas habilidades marciais. Aos 20, já era um respeitável estrategista militar e guerreiro.
1673 é a data do primeiro registro histórico referente a Zumbi. São relatos portugueses sobre uma expedição derrotada pelos quilombolas.

Em 1678, o líder de Palmares, Ganga-Zumba, é chamado a negociar com o governador da Capitania de Pernambuco em dar liberdade para os negros do Quilombo de Palmares perante a submissão à Coroa Portuguesa. Ganga-Zumba aceita, mas Zumbi vai contra essa decisão. Alega não poder dar a liberdade somente ao povo de Palmares havendo ainda milhares de outros negros escravizados. Por este ato, Zumbi se torna o novo líder de Palmares.

Notando a dificuldade de derrotar o quilombo, contrata-se o bandeirante paulistano Domingos Jorge Velho, que com seus homens, rechaça e fere Zumbi, que foge.

Um ano depois, a 20 de novembro de 1695, Zumbi é delatado por um antigo companheiro, e é localizado, preso e degolado.

A fama de Zumbi espalhou-se, até mesmo como lenda em nos lugares mais distantes, porém fez despertar e fortalecer a conscientização da condição a que o homem negro escravizado era submetido, como castigos severos, mutilações, sofrimentos agudos e penas de morte impostas pelos senhores e senhoras escravocratas.

Muitos dos homens brancos da época começam a não conceber mais aquela condição e, aos poucos, os movimentos abolicionistas tomaram forma, penetrando em esferas mais politizadas e formadoras de opinião.

Um longo caminho foi percorrido até a libertação dos escravos em 1888, com a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel.

Apesar de contestada a forma como a libertação dos escravos foi programada e promulgada e os interesses políticos que concorreram para seu acontecimento, é fato que um importante primeiro passo havia sido dado.

Nossa região, palco da cultura cafeeira com mão de obra escravocrata, tem registro da influência dos negros que aqui viveram presentes na história, cultura, arquitetura, gastronomia, religiosidade, que podem ser explorados pela Rota da Liberdade, abrangendo Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Litoral, como parte do programa Rotas de São Paulo, da Secretaria de Estado do Turismo.

Que passemos a refletir sobre o exercício da conscientização dia-a-dia, com o respeito às heranças genéticas, culturais, religiosas, sociais, idiomáticas, entre tantas outras formadoras do povo brasileiro. Por essa pluralidade e pelo alto percentual de participação nessa formação, não é possível que seja tratada como algo isolado.

Fonte: www.historiabrasileira.com.br / www.suapesquisa.com.br

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